Profº Radovan Borojevic

Fundador

História acadêmica do Professor Radovan Borojevic

O Professor Radovan Borojevic nasceu na Croácia em 1940. Cursou biologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Zagreb, participando ativamente em estudos de biologia marinha nos Institutos de Rovinj e de Dubrovnik no mar Adriático. Ainda na graduação, obteve uma bolsa de estudos na Universidade de Estrasburgo. No Instituto de Zoologia daquela universidade encontrou o Professor Claude Lévi, seu Mestre, e iniciou os seus estudos em biologia de organismos marinhos primitivos, esponjas. Elas foram utilizadas como modelo mais simples de organização multicelular, permitindo abordar as bases da evolução dos processos de reprodução, morfogênese, interação celular e regeneração.

Em 1963 recebeu o “Diplôme d’EtudesSupérieures” na Faculdade de Ciências da Universidade de Estrasburgo e passou a exercer a função de pesquisador do CNRS (Centro Nacional de Pesquisas da França). Em 1968, defendeu o seu “DoctoratenSciences”, na Universidade de Paris.

Como cidadão francês naturalizado, foi convocado ao serviço militar, integrando o Serviço Internacional de Cooperação Científica e Técnica. Foi enviado em 1969 para a Universidade Federal de Pernambuco, e respondendo à solicitação da Marinha do Brasil embarcou no Navio Oceanográfico Almirante Saldanha, trabalhando para avaliar os recursos marinhos em missões abrangendo a costa entre embocaduras do Rio Pará e Rio de La Plata. Aceitou em 1971 a proposta do Instituto de Pesquisas da Marinha do Rio de Janeiro para o desafio de organizar o Laboratório de Biologia Experimental daquela instituição. Uma das linhas de trabalho eram modelos experimentais da infecção esquistossomótica. Da estreita colaboração com o grupo do Professor José Pelegrino da UFMG veio o seu grande interesse pelos estudos de biologia parasitária e patologia celular, reencontrando nesses estudos, os modelos de controle da proliferação e diferenciação celular e da regeneração, que havia deixado de lado desde o término do seu Doutorado.

 

No mesmo período o Serviço de Cooperação Científica e Técnica de França, juntamente com a Fundação Gonçalo Moniz, desenvolvia um amplo projeto de pesquisa sobre a esquistossomose na Bahia. Nomeado pela embaixada da França como encarregado do projeto, ampliou a colaboração com a França, envolvendo os Laboratórios de Biologia e Imunologia Parasitária de Instituto Pasteur de Lille e o Laboratório de Patologia Celular do Instituto Pasteur de Lyon. Entre 1972 e 1978, foram desenvolvidos nesse projeto cooperativo amplos estudos epidemiológicos e imunopatológicos. A Organização Mundial de Saúde em Genebra reconheceu o interesse do programa e o nomeou conselheiro externo da OMS. Nesse período, desenvolveu estudos em imunologia geral e aplicada, em citologia e citopatologia ultraestrutural, e começou a sua atividade acadêmica na Universidade Federal da Bahia.

 

O seu desejo era o do retorno integral à pesquisa científica fundamental. Voltou a postular novamente a função de pesquisador do CNRS, e iniciou uma nova série de pesquisas sobre a dinâmica da mobilização de células inflamatórias e sobre a mielopoese em situações normais e patológicas. Mantendo a colaboração com a Unidade de Patologia do Instituto Pasteur de Lyon e o CNRS, aceitou em 1980 o convite para integrar o Departamento de Bioquímica da UFRJ como professor visitante. Em 1986 tomou a decisão de se fixar no Rio de Janeiro e prestar concurso para Professor Adjunto no Departamento de Bioquímica da UFRJ. Tornou-se Professor Titular em 1994, chegou a aposentadoria em 2010 e recebeu o título de Professor Emérito em 2012.

 

Nesse período no Instituto de Química participou da criação do primeiro curso de biotecnologia no Brasil, na Escola Técnica Federal de Química do Rio de Janeiro. Esta iniciativa permitiu formar jovens talentosos que foram absorvidos integralmente tanto pelo mercado de trabalho como pelos cursos das áreas biomédicas da UFRJ. Participou também na organização e instalação do Polo de Biotecnologia – Fundação BioRio, como membro da Comissão Executiva, como Membro Titular e Coordenador Científico do Conselho Diretor.

 

A partir de 1980, idealizou e criou ainda no Instituto de Química o primeiro e ainda o maior Banco de Células Animais e Humanas da América Latina, do qual é Diretor. O seu conhecimento em biologia celular incluindo os procedimentos de manipulação in vitro e transplante, bem como seus conhecimentos em Hematologia Experimental, levaram-no em 1994 a uma parceria com o Professor Halley Pacheco e Oliveira, e à criação do grupo de transplante autólogo de medula óssea na UFRJ. Nesse projeto, montou também o serviço de criopreservação e controle de qualidade de células progenitoras hematopoiéticas antes e depois do congelamento. A rotina na manipulação das células humanas e a experiência acumulada de anos dedicados à biologia celular e aos transplantes de medula óssea credenciaram-no a ser pioneiro no estudo das células-tronco no Brasil. Naquela época, cientistas de todo o mundo estavam ainda começando a perceber o enorme potencial das células-tronco. Sua visão global da ciência e da abordagem integrada de diferentes áreas permitiram-no criar e coordenar as terapias celulares envolvendo pele e seus substitutos, as terapias celulares ósseas e de cartilagem e as terapias cardíacas.

 

A sua vinda, em 1997, para o Departamento de Histologia e Embriologia do ICB, UFRJ, colocou-o mais perto dos pesquisadores da área da saúde do CCS e do HUCFF junto com a colaboração do Hospital Pró-Cardíaco e do Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia. Essa proximidade levou-o à criação do Programa Avançado de Biologia Celular Aplicado à Medicina e à concretização dos serviços de terapia celular. Foram retomadas as pesquisas na Bahia, com implantação de novos cursos de pós-graduação na área médica, e de terapias celulares de portadores da doença falciforme, em colaboração com a Universidade Federal da Bahia. Esses justificaram a atribuição do título do Doutor Honoris Causae da UFBA e do Cidadão Honorário da Cidade de Salvador Bahia.

A partir de 1998 o Banco de Células se transferiu para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), criando também o Laboratório de Transplante de Medula Óssea e o serviço de Hematologia todos fazendo parte do Programa Avançado de Biologia Celular Aplicado à Medicina (APABCAM) através de um financiamento da PETROBRAS. A sua obra mais uma vez foi reconhecida pela sociedade e em 2003 recebeu o Prêmio de Personalidade que Faz a Diferença do O Globo na área de ciências, liderando diversas pesquisas voltadas para a terapia celular e a bioengenharia e algumas delas pioneiras no mundo.

Em 2010 o Banco de Células do Rio de Janeiro recebeu o convite para se transferir para o Parque Tecnológico de Xerém do INMETRO, onde passou a atuar em colaboração estreita com essa instituição. Criam-se assim as condições de fornecer, no âmbito nacional e internacional, as linhagens celulares destinadas as pesquisas das ciências da vida, ao desenvolvimento biotecnológico, tanto na área de produção de biofármacos e de bioprodutos com uso industrial.

A pesquisa, a inovação e o ensino são pilares da sua vida.

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