No dia 18 de junho de 2024, tivemos a honra de receber a visita técnica do Presidente do CRBio-02, Gustavo Pessôa, e do Assessor da Presidência, Vinícius Norões, nas instalações do BCRJ. Durante a visita, eles puderam conhecer de perto nossas instalações e projetos.
Exploramos juntos o acervo de mais de 400 tipos de linhagens celulares, nosso Biobanco de células primárias que representa a diversidade da população brasileira, e os laboratórios especializados em toxicologia in vitro. Isso inclui o laboratório de testes com cultura de células, onde conduzimos estudos de citotoxicidade, estudos com cultura de células 2D e 3D para avaliação da irritação ocular e corrosão dérmica, além do laboratório de microbiologia, onde realizamos o teste de Ames para avaliação da mutagenicidade de diferentes categorias de produtos, como cosméticos e produtos químicos.
Além disso, apresentamos nosso setor de pesquisa e desenvolvimento, onde estamos focados em inovações utilizando cultura de células como ferramenta biotecnológica.
Ficamos muito satisfeitos em receber a alta direção do CRBio-02 no BCRJ e esperamos continuar fortalecendo nosso compromisso com a excelência científica e colaboração no campo da biotecnologia.
Em nosso compromisso de promover a ciência utilizando cultura de células como uma ferramenta potencial em diversas áreas, especialmente nas novas abordagens metodológicas em toxicologia, ficamos felizes em participar como patrocinadores do XXIII Congresso Brasileiro de Toxicologia (#CBTOX2024). Este evento é essencial para promover avanços significativos na área, destacando a importância de abordagens inovadoras e éticas na ciência, especialmente na busca por métodos preditivos para avaliação da segurança e eficácia de produtos sem o uso de modelos animais.
Participar de eventos como este é fundamental, pois nos permite disseminar conhecimentos sobre boas práticas de cultura de células e testes in vitro, que vêm se destacando na aplicação de novas abordagens metodológicas que substituem modelos animais. Além disso, proporciona encontros valiosos, como o que tivemos com os integrantes do BraCVAM, uma equipe incrível dedicada ao avanço dos métodos alternativos no Brasil.
Também tivemos o prazer de encontrar vários pesquisadores com vasto conhecimento na área, entre eles, a Dra. Emanuele Alves, cuja presença nos alegrou muito. Ela estagiou conosco em 1999 e hoje é Professora Assistente do Departamento de Ciência Forense da VCU, nos Estados Unidos, atuando como pesquisadora principal do Laboratório de Pesquisa em Toxicologia Experimental (ETRL). Antes da VCU, a Dra. Alves trabalhou na Fundação Oswaldo Cruz no Brasil, onde esteve envolvida em projetos dedicados ao desenvolvimento de vacinas e certificações de bancos de células, além de projetos forenses em parceria com a Polícia do Estado do Rio de Janeiro.
Com certeza, uma das grandes vantagens dos congressos é a oportunidade de reencontrar grandes profissionais e pessoas queridas.
Nossa participação como patrocinadores neste evento é uma demonstração do nosso compromisso com a inovação e a responsabilidade científica. Juntos, estamos moldando o futuro da toxicologia.
Nos dias 11 e 12 de abril, estivemos presentes no 1º Simpósio sobre Biobanco, Biorrepositório e Inovação (SBBI), realizado na Capela Ecumênica da UERJ Maracanã. Nosso Diretor, Prof. Antonio Martins Monteiro, proferiu uma palestra inspiradora sobre a trajetória e atuação do Banco de Células do Rio de Janeiro, compartilhando insights valiosos com os participantes.
O evento reuniu renomados especialistas de diversas instituições, promovendo debates sobre gestão, ética, inovação e aplicações em biobancos. Foi uma oportunidade enriquecedora para a troca de conhecimentos e networking no campo da pesquisa biológica e médica.
Estamos honrados por ter participado deste evento significativo e por contribuir para o avanço das discussões e práticas na área de biobancos e biorrepositórios.
Nos últimos anos, testemunhamos avanços notáveis na terapia de tumores, impulsionados principalmente pelos desenvolvimentos na área das células CAR-T. Essa modalidade terapêutica tem sido especialmente notável para o tratamento de certos tipos de câncer sanguíneo, mas também tem grande potencial para tumores sólidos, oferecendo uma abordagem precisa e eficaz que visa as células cancerígenas diretamente, deixando as células saudáveis intactas. No entanto, apesar de seu potencial revolucionário, a jornada rumo à eficácia total não é isenta de desafios, principalmente tratando-se de tumores sólidos.
Uma das principais limitações enfrentadas pelos cientistas é a capacidade de garantir que as células CAR-T ataquem seletivamente as células cancerígenas, minimizando os danos às células saudáveis. Além disso, a toxicidade sistêmica e a resistência tumoral representam obstáculos significativos que precisam ser superados para alcançar resultados terapêuticos ótimos.
Como os cientistas estão trabalhando para superar os desafios?
Para enfrentar esses desafios, os pesquisadores estão explorando estratégias inovadoras para gerenciar a toxicidade e superar a resistência associadas à terapia com células CAR-T. Uma abordagem promissora envolve o uso de terapias combinadas, onde as células CAR-T são administradas em conjunto com outras modalidades de tratamento, como terapias-alvo e imunoterapias convencionais. Essa combinação sinérgica pode melhorar a eficácia das células CAR-T e reduzir a chance de resistência tumoral.
Além disso, os cientistas estão focados no desenvolvimento de biomarcadores preditivos que podem ajudar a identificar os pacientes mais propensos a responder às terapias com células CAR-T. Esses biomarcadores podem incluir características genéticas do tumor, expressão de antígenos-alvo e características do microambiente tumoral. Essa abordagem de medicina personalizada pode ajudar a direcionar o tratamento para os pacientes que mais se beneficiarão dele, aumentando assim as taxas de resposta e reduzindo os efeitos colaterais.
Avanços na aprovação de Terapias com Células T por órgãos reguladores
Em 16 de fevereiro de 2024, a FDA dos EUA (agência que equivale a nossa ANVISA) alcançou um novo marco com a aprovação do Amtagvi (lifileucel) como a primeira terapia com células T para tumores sólidos, especificamente o melanoma irressecável ou metastático. Esta aprovação representa um patamar importante no tratamento de tumores sólidos e destaca a inovação em imunoterapia com células T.
Semelhante às terapias com células CAR-T existentes, o Amtagvi é fabricado usando células do sistema imunológico de pacientes individuais. Para fazer o produto final, as células TIL de um paciente são coletadas de uma parte do tumor ressecado e depois expandidas para fora do corpo antes de serem infundidas de volta no paciente.
Mas como isso é possível?
O sistema imunológico cria naturalmente células TIL que podem reconhecer marcadores distintos na superfície das células cancerígenas e lançar um ataque. O tratamento com Amtagvi basicamente reabastece o corpo com essas células imunológicas que combatem o câncer, à medida que suas contrapartes produzidas naturalmente perdem seu poder com o tempo. Antes do Amtagvi, as terapias CAR-T só tinham sido capazes de combater alguns tipos de câncer sanguíneo, em parte porque os tumores sólidos não possuem biomarcadores de superfície celular apropriados para as células CAR-T atingirem. Uma terapia TIL resolve esse problema porque as células TIL são naturalmente programadas para identificar biomarcadores de câncer.
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O BCRJ é centro de referência em cultura de células e em ensaios com células. É a única coleção de células humanas e animais que atua como prestadora de serviços no Brasil e é a maior da América do Sul. Possui base biotecnológica que oferece inovações relacionadas com células, com foco na área da análise da eficácia e segurança de novos produtos, novos métodos alternativos ao uso de animais, Terapia Celular e em FoodTech.
Referências:
FDA. FDA approves first cellular therapy to treat patients with unresectable or metastatic melanoma.
No dia 19 de fevereiro de 2024, o BCRJ teve a honra de receber a visita técnica do Presidente Luismar Porto e da Vice-presidente Fernanda Berti da JBS BIOTECH Innovation Center.
Na foto capturada durante o encontro, destacam-se, da esquerda para a direita: Antonio Martins Monteiro, Diretor do BCRJ; Ana Carolina Batista, Supervisora do Biobanco do BCRJ; Fernanda Berti, Vice-presidente da JBS BIOTECH Innovation Center; Prof. Radovan Borojevic, Presidente do BCRJ; Nívea Ferreira, Gerente do BCRJ; Paola Cappelletti, Supervisora do Laboratório de Toxicologia do BCRJ; e Luismar Porto, Presidente da JBS BIOTECH Innovation Center.
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No dia 05 de fevereiro de 2024, foi marcado por uma colaboração significativa entre o BioParque do Rio e o Banco de Células do Rio de Janeiro, com a participação de uma equipe engajada na elaboração de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento. O encontro teve como objetivo fortalecer a parceria e explorar novas possibilidades de avanço científico.
Na imagem, da esquerda para a direita: Adriano Silveira, Biólogo do BioParque; Paola Cappelletti, Supervisora do Laboratório de Toxicologia do BCRJ; Ana Carolina Batista, Supervisora do Biobanco; Antonio Martins Monteiro, Diretor do BCRJ; Ciro Cruvinel, Gerente Técnico do BioParque do Rio.
No dia 10 de janeiro/2024, pesquisadores do Instituto Vital Brazil realizaram uma visita técnica ao BCRJ, com o objetivo de explorar uma parceria tecnológica e desenvolver métodos alternativos inovadores, que evitem o uso de animais, para aprimorar o controle de qualidade.
Equipe da esquerda para a direita: Luíza Dantas Pereira, Pesquisadora do Instituto Vital Brazil; Leonardo dos Santos Corrêa Amorim, Biólogo Pesquisador do Instituto Vital Brazil; Luís Eduardo Ribeiro da Cunha, Diretor científico do Instituto Vital Brazil; Antonio Monteiro, Diretor do BCRJ; Roseli de Almeida Santana, Gerente de Projetos do Instituto Vital Brazil; Paola Cappelletti, Supervisora do Laboratório de Toxicologia do BCRJ; Nívea Ferreira, Gerente do BCRJ
Avanços Regulatórios em Terapias Avançadas e nova Terapia Gênica aprovada para LCM e LLA
Explorando aspectos regulatórios de produtos inovadores na área da saúde, destacamos as mais recentes atualizações sobre Produtos de Terapia Avançada (PTA). A ANVISA define PTA como “produtos biológicos, utilizados com fins terapêuticos, obtidos a partir de células e tecidos humanos que foram submetidos a um processo de fabricação; ou produtos que consistem em ácidos nucleicos recombinantes e que têm como objetivo regular, reparar, substituir, adicionar ou deletar uma sequência genética ou modificar a expressão de um gene”. Essa definição clara abrange o uso de células para Terapia Celular, um tópico que nos entusiasma explorar aqui.
Essas atualizações, publicadas em dezembro de 2023, incluem a Instrução Normativa (IN) 270/2023, que revê as regras de Boas Práticas de Fabricação (BPF) para produtos de terapia avançada (PTA), e a RDC 836/2023, que aborda Boas Práticas em Células Humanas para uso terapêutico e pesquisa clínica. Ambas representam avanços significativos na regulação desses produtos, impulsionando qualidade e eficácia no cenário brasileiro.
Além disso, a ANVISA lançou o Guia 70/2023 sobre estudos não clínicos de biodistribuição, alinhado às diretrizes do Conselho Internacional de Harmonização (ICH), promovendo a harmonização internacional e redução do uso de animais em estudos não clínicos de produtos de Terapia Gênica.
No encerramento de 2023, a ANVISA também aprovou o registro sanitário do TECARTUS® (brexucabtageno autoleucel), uma terapia gênica inovadora do laboratório Kite, indicada para o tratamento de linfoma de células do manto (LCM) e leucemia linfoblástica aguda (LLA). Essa aprovação marca mais um avanço notável na medicina personalizada, utilizando células T geneticamente modificadas dos pacientes.
Vamos explorar os principais destaques dessas mudanças e entender como elas impactam o cenário das terapias avançadas no Brasil.
Evolução da Regulação: IN 270/2023
A IN 270/2023 surge como um marco na adaptação regulatória, uma resposta essencial aos desafios apresentados pela antiga RDC 508/2021. Originada da RDC 214/2018, essa norma revelou suas limitações diante dos avanços tecnológicos e das demandas do setor de terapias avançadas.
Junto com a IN 270/2023, foi também publicada em dezembro deste ano a RDC 836/2023, que aborda as Boas Práticas em Células Humanas para uso terapêutico e pesquisa clínica.
Um dos pontos de destaque é a introdução de requisitos suplementares às BPF de Medicamentos e disposições alternativas na fabricação de PTAs, uma abordagem inovadora. Isso não apenas aprimora a qualidade dos produtos, mas também promove a flexibilidade necessária para lidar com a complexidade inerente à produção de terapias avançadas. A norma reconhece a diversidade dos produtos e processos, permitindo adaptações fundamentadas.
Quanto à segurança, o documento reconhece a necessidade de uma gestão de qualidade robusta para enfrentar os desafios dinâmicos do setor, dando ênfase nos princípios de Gerenciamento de Riscos da Qualidade (GRQ), que permeiam toda a IN 270/2023, a fim de assegurar a consistência, eficácia e segurança das terapias avançadas.
Destaca-se ainda que ao estabelecer a aplicação integrada das Boas Práticas em Sangue, Tecidos e Células, a norma reconhece a diversidade dos produtos de terapia avançada. A exigência de Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) para o processo de fabricação, enquanto isenta locais de testagem de materiais de partida, indica uma abordagem equilibrada que visa garantir a qualidade sem impor barreiras excessivas. Algo importante principalmente para os laboratórios que trabalham com a pesquisa não clínica para desenvolvimento inicial dos PTA. No entanto, apesar da certificação não ser necessária, esta IN também se aplica ao processo de investigação inicial.
A IN 270/2023 vem como um Avanço Notável por sua estratégia flexível para adequação dos requisitos de BPF em diferentes escalas é um avanço notável. Essa abordagem permite que tanto processos fabris industriais de maior escala quanto fabricações em menor escala, como em centros acadêmicos, se beneficiem das regulamentações de forma proporcional. Isso impulsionará a inovação e a pesquisa em todos os níveis.
Acesse a Instrução Normativa na íntegra: IN 270/2023
Harmonização Internacional: Guia 70/2023 para Estudos Não Clínicos de Biodistribuição
Em uma medida de harmonização internacional, a ANVISA publicou o Guia 70/2023, focado em estudos não clínicos de biodistribuição para produtos de terapia gênica (TG). Este guia está em consonância com as diretrizes do Conselho Internacional de Harmonização (ICH), reunindo experiências tanto regulatórias quanto científicas. Ele proporciona recomendações uniformes para condução de estudos de biodistribuição em programas de desenvolvimento não clínico de produtos de terapia gênica, com o intuito de facilitar a evolução desses produtos. Notavelmente, nas recomendações, identificamos uma oportunidade significativa para a redução do uso de animais em estudos, alinhada aos princípios dos 3Rs (reduzir/refinar/substituir), um dos objetivos destacados pelo ICH. Tais recomendações visam promover a eficácia na fase clínica de desenvolvimento.
Registro Sanitário: Aprovação do TECARTUS® para Tratamento de Câncer
No encerramento de 2023, a ANVISA aprovou o registro sanitário do TECARTUS® (brexucabtageno autoleucel), uma terapia gênica inovadora do laboratório Kite, indicada para o tratamento de linfoma de células do manto (LCM) e leucemia linfoblástica aguda (LLA). Esse produto utiliza células T geneticamente modificadas dos pacientes, representando um avanço notável na medicina personalizada.
O que é LCM?
Trata-se de um subtipo agressivo de linfoma não Hodgkin que se desenvolve a partir de linfócitos B anormais. Para entender melhor, vamos desmembrar essa nomenclatura. “Linfoma” refere-se a um câncer que tem origem nas células do sistema linfático, “Células do Manto” especifica o tipo de células afetadas, que são os linfócitos B anormais.
O LCM é caracterizado por seu crescimento rápido e pode se desenvolver em diversos órgãos, incluindo gânglios linfáticos, medula óssea e baço. Este tipo de linfoma é considerado raro e, em muitos casos, é diagnosticado em estágios avançados.
O tratamento com o TECARTUS é indicado quando os sintomas ou a doença retornam (recidiva) ou quando não respondem (refratário), após dois ou mais tratamentos anteriores.
O que é LLA?
Trata-se de um tipo de câncer que afeta as células precursoras dos linfócitos. Aguda significa que a doença se desenvolve rapidamente e requer intervenção imediata. Na LLA, as células precursoras dos linfócitos tornam-se cancerosas, multiplicando-se de maneira descontrolada e ocupando a medula óssea. Sendo mais comum em crianças, mas também pode ocorrer em adultos.
O TECARTUS® é indicado para o tratamento de leucemia linfoblástica aguda (LLA) recorrente ou sem resposta às terapias anteriores.
Esperamos que essas informações contribuam para enriquecer seu entendimento sobre as inovações no campo da saúde. Até a próxima edição, e desejamos a todos um ano repleto de saúde e descobertas promissoras!
Referências:
ANVISA. (2023a, 21 de dezembro). ANVISA aprova norma específica de boas práticas de fabricação para produtos de terapias avançadas. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa-aprova-norma-especifica-de-boas-praticas-de-fabricacao-para-produtos-de-terapias-avancadas
ANVISA. (2023b, 28 de dezembro). Terapia Gênica: ANVISA publica guia sobre estudos não clínicos de biodistribuição com produtos. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/terapia-genica-anvisa-publica-guia-sobre-estudos-nao-clinicos-de-biodistribuicao-com-produtos
ANVISA. (2023c, 29 de dezembro). ANVISA aprova mais um produto de terapia avançada para tratamento do câncer no Brasil. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa-aprova-mais-um-produto-de-terapia-avancada-para-tratamento-do-cancer-no-brasil