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02 jul. 2024
Diretor do BCRJ, o Biólogo Antonio Monteiro, ministrando sua palestra no SBBI.

Nos dias 11 e 12 de abril, estivemos presentes no 1º Simpósio sobre Biobanco, Biorrepositório e Inovação (SBBI), realizado na Capela Ecumênica da UERJ Maracanã. Nosso Diretor, Prof. Antonio Martins Monteiro, proferiu uma palestra inspiradora sobre a trajetória e atuação do Banco de Células do Rio de Janeiro, compartilhando insights valiosos com os participantes.

O evento reuniu renomados especialistas de diversas instituições, promovendo debates sobre gestão, ética, inovação e aplicações em biobancos. Foi uma oportunidade enriquecedora para a troca de conhecimentos e networking no campo da pesquisa biológica e médica. 

Estamos honrados por ter participado deste evento significativo e por contribuir para o avanço das discussões e práticas na área de biobancos e biorrepositórios.

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26 fev. 2024
Artigo escrito por: Daniela Costa/ Revisado por: Paola Cappelletti

Avanços Promissores na Terapia de Tumores Sólidos

Nos últimos anos, testemunhamos avanços notáveis na terapia de tumores, impulsionados principalmente pelos desenvolvimentos na área das células CAR-T. Essa modalidade terapêutica tem sido especialmente notável para o tratamento de certos tipos de câncer sanguíneo, mas também tem grande potencial para tumores sólidos, oferecendo uma abordagem precisa e eficaz que visa as células cancerígenas diretamente, deixando as células saudáveis intactas. No entanto, apesar de seu potencial revolucionário, a jornada rumo à eficácia total não é isenta de desafios, principalmente tratando-se de tumores sólidos.

Uma das principais limitações enfrentadas pelos cientistas é a capacidade de garantir que as células CAR-T ataquem seletivamente as células cancerígenas, minimizando os danos às células saudáveis. Além disso, a toxicidade sistêmica e a resistência tumoral representam obstáculos significativos que precisam ser superados para alcançar resultados terapêuticos ótimos.

Como os cientistas estão trabalhando para superar os desafios?

Para enfrentar esses desafios, os pesquisadores estão explorando estratégias inovadoras para gerenciar a toxicidade e superar a resistência associadas à terapia com células CAR-T. Uma abordagem promissora envolve o uso de terapias combinadas, onde as células CAR-T são administradas em conjunto com outras modalidades de tratamento, como terapias-alvo e imunoterapias convencionais. Essa combinação sinérgica pode melhorar a eficácia das células CAR-T e reduzir a chance de resistência tumoral.

Além disso, os cientistas estão focados no desenvolvimento de biomarcadores preditivos que podem ajudar a identificar os pacientes mais propensos a responder às terapias com células CAR-T. Esses biomarcadores podem incluir características genéticas do tumor, expressão de antígenos-alvo e características do microambiente tumoral. Essa abordagem de medicina personalizada pode ajudar a direcionar o tratamento para os pacientes que mais se beneficiarão dele, aumentando assim as taxas de resposta e reduzindo os efeitos colaterais.

Avanços na aprovação de Terapias com Células T por órgãos reguladores

Em 16 de fevereiro de 2024, a FDA dos EUA (agência que equivale a nossa ANVISA) alcançou um novo marco com a aprovação do Amtagvi (lifileucel) como a primeira terapia com células T para tumores sólidos, especificamente o melanoma irressecável ou metastático. Esta aprovação representa um patamar importante no tratamento de tumores sólidos e destaca a inovação em imunoterapia com células T.

 Semelhante às terapias com células CAR-T existentes, o Amtagvi é fabricado usando células do sistema imunológico de pacientes individuais. Para fazer o produto final, as células TIL de um paciente são coletadas de uma parte do tumor ressecado e depois expandidas para fora do corpo antes de serem infundidas de volta no paciente.

Mas como isso é possível?

O sistema imunológico cria naturalmente células TIL que podem reconhecer marcadores distintos na superfície das células cancerígenas e lançar um ataque. O tratamento com Amtagvi basicamente reabastece o corpo com essas células imunológicas que combatem o câncer, à medida que suas contrapartes produzidas naturalmente perdem seu poder com o tempo. Antes do Amtagvi, as terapias CAR-T só tinham sido capazes de combater alguns tipos de câncer sanguíneo, em parte porque os tumores sólidos não possuem biomarcadores de superfície celular apropriados para as células CAR-T atingirem. Uma terapia TIL resolve esse problema porque as células TIL são naturalmente programadas para identificar biomarcadores de câncer.

Se você deseja explorar mais sobre esse assunto, convidamos você a ler nosso artigo dedicado às células CAR-T para câncer sanguíneo. Além disso, para mais detalhes sobre a área regulatória, recomendamos a leitura do artigo sobre os avanços na área regulatória desses produtos de células CAR-T no Brasil. Esperamos que em breve tenhamos avanços semelhantes também para o tratamento de tumores sólidos em nosso país.

Gostou deste conteúdo? Então continue nos acompanhando para mais atualizações científicas que envolvam cultura de células!

O BCRJ é centro de referência em cultura de células e em ensaios com células. É a única coleção de células humanas e animais que atua como prestadora de serviços no Brasil e é a maior da América do Sul. Possui base biotecnológica que oferece inovações relacionadas com células, com foco na área da análise da eficácia e segurança de novos produtos, novos métodos alternativos ao uso de animais, Terapia Celular e em FoodTech. 

Referências:

  1. FDA. FDA approves first cellular therapy to treat patients with unresectable or metastatic melanoma. 

Disponível em: https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/fda-approves-first-cellular-therapy-treat-patients-unresectable-or-metastatic-melanoma  

2. FiercePharma. FDA approves Iovance’s Amtagvi as first cell therapy for solid tumor. 

Disponível em: https://www.fiercepharma.com/pharma/fda-approves-iovances-amtagvi-first-cell-therapy-solid-tumor

3. Wagner J, Wickman E, DeRenzo C, Gottschalk S. CAR T Cell Therapy for Solid Tumors: Bright Future or Dark Reality? Mol Ther. 2020 Nov 4;28(11):2320-2339. doi: 10.1016/j.ymthe.2020.09.015. Epub 2020 Sep 16. PMID: 32979309; PMCID: PMC7647674.4. Flugel CL, Majzner RG, Krenciute G, Dotti G, Riddell SR, Wagner DL, Abou-El-Enein M. Overcoming on-target, off-tumour toxicity of CAR T cell therapy for solid tumours. Nat Rev Clin Oncol. 2023 Jan;20(1):49-62. doi: 10.1038/s41571-022-00704-3. Epub 2022 Nov 23. PMID: 36418477; PMCID: PMC10278599.

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26 fev. 2024

No dia 19 de fevereiro de 2024, o BCRJ teve a honra de receber a visita técnica do Presidente Luismar Porto e da Vice-presidente Fernanda Berti da JBS BIOTECH Innovation Center.

Na foto capturada durante o encontro, destacam-se, da esquerda para a direita: Antonio Martins Monteiro, Diretor do BCRJ; Ana Carolina Batista, Supervisora do Biobanco do BCRJ; Fernanda Berti, Vice-presidente da JBS BIOTECH Innovation Center; Prof. Radovan Borojevic, Presidente do BCRJ; Nívea Ferreira, Gerente do BCRJ; Paola Cappelletti, Supervisora do Laboratório de Toxicologia do BCRJ; e Luismar Porto, Presidente da JBS BIOTECH Innovation Center.

Continue acompanhando nossas redes sociais e site para mais atualizações sobre nossas colaborações, projetos em andamento e serviços.

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07 fev. 2024

No dia 05 de fevereiro de 2024, foi marcado por uma colaboração significativa entre o BioParque do Rio e o Banco de Células do Rio de Janeiro, com a participação de uma equipe engajada na elaboração de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento. O encontro teve como objetivo fortalecer a parceria e explorar novas possibilidades de avanço científico.

Na imagem, da esquerda para a direita: Adriano Silveira, Biólogo do BioParque; Paola Cappelletti, Supervisora do Laboratório de Toxicologia do BCRJ; Ana Carolina Batista, Supervisora do Biobanco; Antonio Martins Monteiro, Diretor do BCRJ; Ciro Cruvinel, Gerente Técnico do BioParque do Rio.

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10 jan. 2024

No dia 10 de janeiro/2024, pesquisadores do Instituto Vital Brazil realizaram uma visita técnica ao BCRJ, com o objetivo de explorar uma parceria tecnológica e desenvolver métodos alternativos inovadores, que evitem o uso de animais, para aprimorar o controle de qualidade.

Equipe da esquerda para a direita: Luíza Dantas Pereira,  Pesquisadora do Instituto Vital Brazil; Leonardo dos Santos Corrêa Amorim, Biólogo Pesquisador do Instituto Vital Brazil; Luís Eduardo Ribeiro da Cunha, Diretor científico do Instituto Vital Brazil; Antonio Monteiro, Diretor do BCRJ; Roseli de Almeida Santana, Gerente de Projetos do Instituto Vital Brazil; Paola Cappelletti, Supervisora do Laboratório de Toxicologia do BCRJ; Nívea Ferreira, Gerente do BCRJ

#Inovação #ControleDeQualidade #biotecnologia #InstitutoVitalBrazil #BCRJ

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10 jan. 2024
Artigo escrito por: Daniela Costa/ Revisado por: Antonio Monteiro

Avanços Regulatórios em Terapias Avançadas e nova Terapia Gênica aprovada para LCM e LLA

Explorando aspectos regulatórios de produtos inovadores na área da saúde, destacamos as mais recentes atualizações sobre Produtos de Terapia Avançada (PTA). A ANVISA define PTA como “produtos biológicos, utilizados com fins terapêuticos, obtidos a partir de células e tecidos humanos que foram submetidos a um processo de fabricação; ou produtos que consistem em ácidos nucleicos recombinantes e que têm como objetivo regular, reparar, substituir, adicionar ou deletar uma sequência genética ou modificar a expressão de um gene”. Essa definição clara abrange o uso de células para Terapia Celular, um tópico que nos entusiasma explorar aqui.

Essas atualizações, publicadas em dezembro de 2023, incluem a Instrução Normativa (IN) 270/2023, que revê as regras de Boas Práticas de Fabricação (BPF) para produtos de terapia avançada (PTA), e a RDC 836/2023, que aborda Boas Práticas em Células Humanas para uso terapêutico e pesquisa clínica. Ambas representam avanços significativos na regulação desses produtos, impulsionando qualidade e eficácia no cenário brasileiro.

Além disso, a ANVISA lançou o Guia 70/2023 sobre estudos não clínicos de biodistribuição, alinhado às diretrizes do Conselho Internacional de Harmonização (ICH), promovendo a harmonização internacional e redução do uso de animais em estudos não clínicos de produtos de Terapia Gênica.

No encerramento de 2023, a ANVISA também aprovou o registro sanitário do TECARTUS® (brexucabtageno autoleucel), uma terapia gênica inovadora do laboratório Kite, indicada para o tratamento de linfoma de células do manto (LCM) e leucemia linfoblástica aguda (LLA). Essa aprovação marca mais um avanço notável na medicina personalizada, utilizando células T geneticamente modificadas dos pacientes.

Vamos explorar os principais destaques dessas mudanças e entender como elas impactam o cenário das terapias avançadas no Brasil.

Evolução da Regulação: IN 270/2023 

A IN 270/2023 surge como um marco na adaptação regulatória, uma resposta essencial aos desafios apresentados pela antiga RDC 508/2021. Originada da RDC 214/2018, essa norma revelou suas limitações diante dos avanços tecnológicos e das demandas do setor de terapias avançadas. 

Junto com a IN 270/2023, foi também publicada em dezembro deste ano a RDC 836/2023, que aborda as Boas Práticas em Células Humanas para uso terapêutico e pesquisa clínica

Acesse a RDC na íntegra: RDC 836/2023.

Um dos pontos de destaque é a introdução de requisitos suplementares às BPF de Medicamentos e disposições alternativas na fabricação de PTAs, uma abordagem inovadora. Isso não apenas aprimora a qualidade dos produtos, mas também promove a flexibilidade necessária para lidar com a complexidade inerente à produção de terapias avançadas. A norma reconhece a diversidade dos produtos e processos, permitindo adaptações fundamentadas.

Quanto à segurança, o documento reconhece a necessidade de uma gestão de qualidade robusta para enfrentar os desafios dinâmicos do setor, dando ênfase nos princípios de Gerenciamento de Riscos da Qualidade (GRQ), que permeiam toda a IN 270/2023, a fim de assegurar a consistência, eficácia e segurança das terapias avançadas.

Destaca-se ainda que ao estabelecer a aplicação integrada das Boas Práticas em Sangue, Tecidos e Células, a norma reconhece a diversidade dos produtos de terapia avançada. A exigência de Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) para o processo de fabricação, enquanto isenta locais de testagem de materiais de partida, indica uma abordagem equilibrada que visa garantir a qualidade sem impor barreiras excessivas. Algo importante principalmente para os laboratórios que trabalham com a pesquisa não clínica para desenvolvimento inicial dos PTA. No entanto, apesar da certificação não ser necessária, esta IN também se aplica ao processo de investigação inicial.

A IN 270/2023 vem como um Avanço Notável por sua estratégia flexível para adequação dos requisitos de BPF em diferentes escalas é um avanço notável. Essa abordagem permite que tanto processos fabris industriais de maior escala quanto fabricações em menor escala, como em centros acadêmicos, se beneficiem das regulamentações de forma proporcional. Isso impulsionará a inovação e a pesquisa em todos os níveis.

Acesse a Instrução Normativa na íntegra: IN 270/2023

Harmonização Internacional: Guia 70/2023 para Estudos Não Clínicos de Biodistribuição

Em uma medida de harmonização internacional, a ANVISA publicou o Guia 70/2023, focado em estudos não clínicos de biodistribuição para produtos de terapia gênica (TG). Este guia está em consonância com as diretrizes do Conselho Internacional de Harmonização (ICH), reunindo experiências tanto regulatórias quanto científicas. Ele proporciona recomendações uniformes para condução de estudos de biodistribuição em programas de desenvolvimento não clínico de produtos de terapia gênica, com o intuito de facilitar a evolução desses produtos. Notavelmente, nas recomendações, identificamos uma oportunidade significativa para a redução do uso de animais em estudos, alinhada aos princípios dos 3Rs (reduzir/refinar/substituir), um dos objetivos destacados pelo ICH. Tais recomendações visam promover a eficácia na fase clínica de desenvolvimento.

Acesse o guia na íntegra: Guia 70/2023

Registro Sanitário: Aprovação do TECARTUS® para Tratamento de Câncer

No encerramento de 2023, a ANVISA aprovou o registro sanitário do TECARTUS® (brexucabtageno autoleucel), uma terapia gênica inovadora do laboratório Kite, indicada para o tratamento de linfoma de células do manto (LCM) e leucemia linfoblástica aguda (LLA). Esse produto utiliza células T geneticamente modificadas dos pacientes, representando um avanço notável na medicina personalizada. 

O que é LCM?

 Trata-se de um subtipo agressivo de linfoma não Hodgkin que se desenvolve a partir de linfócitos B anormais. Para entender melhor, vamos desmembrar essa nomenclatura. “Linfoma” refere-se a um câncer que tem origem nas células do sistema linfático, “Células do Manto” especifica o tipo de células afetadas, que são os linfócitos B anormais. 

O LCM é caracterizado por seu crescimento rápido e pode se desenvolver em diversos órgãos, incluindo gânglios linfáticos, medula óssea e baço. Este tipo de linfoma é considerado raro e, em muitos casos, é diagnosticado em estágios avançados. 

O tratamento com o TECARTUS é indicado quando os sintomas ou a doença retornam (recidiva) ou quando não respondem (refratário), após dois ou mais tratamentos anteriores. 

O que é LLA? 

Trata-se de um tipo de câncer que afeta as células precursoras dos linfócitos. Aguda significa que a doença se desenvolve rapidamente e requer intervenção imediata. Na LLA, as células precursoras dos linfócitos tornam-se cancerosas, multiplicando-se de maneira descontrolada e ocupando a medula óssea. Sendo mais comum em crianças, mas também pode ocorrer em adultos. 

O TECARTUS® é indicado para o tratamento de leucemia linfoblástica aguda (LLA) recorrente ou sem resposta às terapias anteriores.

O tratamento com o TECARTUS é o quarto produto de terapia gênica com células CAR-T aprovado pela Anvisa,  já falamos sobre as células CAR-T por aqui e como ela funciona, não deixe de conferir: ANVISA Autoriza Estudo Clínico com Células CAR-T: Mas afinal, o que são e como cultivá-las com sucesso em laboratório?

Esperamos que essas informações contribuam para enriquecer seu entendimento sobre as inovações no campo da saúde. Até a próxima edição, e desejamos a todos um ano repleto de saúde e descobertas promissoras!

Referências: 

ANVISA. (2023a, 21 de dezembro). ANVISA aprova norma específica de boas práticas de fabricação para produtos de terapias avançadas. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa-aprova-norma-especifica-de-boas-praticas-de-fabricacao-para-produtos-de-terapias-avancadas

ANVISA. (2023b, 28 de dezembro). Terapia Gênica: ANVISA publica guia sobre estudos não clínicos de biodistribuição com produtos. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/terapia-genica-anvisa-publica-guia-sobre-estudos-nao-clinicos-de-biodistribuicao-com-produtos

ANVISA. (2023c, 29 de dezembro). ANVISA aprova mais um produto de terapia avançada para tratamento do câncer no Brasil. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa-aprova-mais-um-produto-de-terapia-avancada-para-tratamento-do-cancer-no-brasil

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18 dez. 2023

É justificável a necessidade de resultados com modelos animais em revistas científicas quando métodos alternativos podem ser apropriados e suficientes?

Artigo escrito por: Daniela Costa/ Revisado por: Paola Cappelletti

Queridos leitores,

Na quarta edição da nossa newsletter, trazemos uma discussão que tem impactado a publicação de trabalhos científicos. Recentemente, pesquisadores do Physicians Committee for Responsible Medicine e da Humane Society International Europe lançaram luz sobre o que chamaram de ‘viés de métodos animais’ na publicação científica.

Mas afinal, o que seria esse viés? Ele ocorre quando a probabilidade de um estudo ser publicado é afetada pelos métodos utilizados, neste caso, métodos baseados em animais ou não. O artigo, intitulado ‘A Survey to Assess Animal Methods Bias in Scientific Publishing’, foi publicado na ALTEX este ano por Catharine E. Krebs e colaboradores, destacando uma preferência de alguns periódicos por estudos baseados em animais, mesmo quando métodos alternativos podem ser apropriados e suficientes. Um desafio ético enfrentado para a publicação de trabalhos com métodos não animais.

Apesar de algumas limitações desta pesquisa, que foram devidamente detalhadas no artigo, ela destaca a necessidade urgente de uma reflexão mais profunda sobre a supervalorização dos métodos animais na comunidade científica. Diante desse cenário, em várias situações, alguns pesquisadores conduziram experimentos com animais apenas para antecipar solicitações de revisores, sem uma necessidade real. Enquanto outros incorporaram posteriormente dados experimentais em animais a estudos não animais, devido às solicitações dos revisores. Ambas as situações levantam questionamentos éticos sobre essa prática.

Na pesquisa biomédica, testemunhamos uma transição notável na virada do século, em que a validação de resultados in vitro frequentemente dependia de dados experimentais de estudos em animais, resultando em uma exigência por parte dos revisores. Entretanto, à medida que uma tecnologia promissora emerge desafiando essa tendência, os ‘Organ-on-chips’ (OoCs), um novo contexto científico se delineia. Surge a dúvida sobre a necessidade contínua de modelos animais, considerando a capacidade dos OoCs em superar os modelos tradicionais em diversos aspectos, especialmente em termos de flexibilidade, relevância fisiológica e capacidade de reproduzir estados de doença. Isso levanta questionamentos sobre a validade contemporânea da insistência em modelos animais na pesquisa biomédica. Este é um passo significativo em direção a práticas mais éticas e métodos mais eficazes na busca por avanços médicos.

Faço referência ainda ao artigo escrito por Donald Ingber, também citado no trabalho de Catharine E. Krebs, ‘Is it Time for Reviewer 3 to Request Human Organ Chip Experiments Instead of Animal Validation Studies?’ que discute esse novo contexto.

Sempre buscamos compartilhar essas informações em nossas redes e nos cursos oferecidos pelo BCRJ. Os métodos não baseados em animais têm avançado significativamente, incorporando modelos de cultura 3D, microfluídica, bioimpressão, entre outras abordagens modernas que reproduzem com fidelidade os mecanismos moleculares, celulares e fisiológicos dos tecidos humanos. Notavelmente, a comunidade científica já testemunhou a aceitação, pelo FDA, de um modelo de organ-on-chip para estudos clínicos de doenças raras, como a patologia da polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica e da neuropatia motora multifocal. Importante ressaltar que esses modelos são capazes de simular a patologia dessas doenças, algo que não pode ser replicado em roedores ou primatas. 

O trabalho de Catharine E. Krebs é um passo importante para entender e enfrentar esse desafio do viés de métodos animais nas publicações. No cenário atual, estamos testemunhando mudanças positivas na academia, indústria e no âmbito regulatório. Leia o trabalho na íntegra, nele você verá detalhes sobre o questionário elaborado e os resultados, revelando os desafios enfrentados pelos pesquisadores para publicar trabalhos sem a necessidade de testes em animais. 


Link para o artigo: https://www.altex.org/index.php/altex/article/view/2568 

Encerramos com uma reflexão: embora a pesquisa com animais de laboratório permaneça vigente, torna-se cada vez mais imperativo abordar criticamente o viés na publicação de métodos animais na ciência. Diante da possibilidade de métodos alternativos apropriados e suficientes, questionamos a legitimidade da persistente exigência por modelos animais em revistas científicas, mesmo quando desnecessários. Ao contemplar o futuro, comprometemo-nos a desafiar ativamente nossas práticas, fomentar métodos inovadores e assegurar que o avanço científico seja guiado pela ética. 

Esperamos que esta newsletter estimule reflexões e debates importantes sobre o papel dos animais na ciência e o viés associado à sua utilização

Referências: 

D. E. Ingber, Is it Time for Reviewer 3 to Request Human Organ Chip Experiments Instead of Animal Validation Studies?. Adv. Sci. 2020, 7, 2002030. https://doi.org/10.1002/advs.202002030

Krebs, C. E., Lam, A., McCarthy, J., Constantino, H. and Sullivan, K. (2023) “A survey to assess animal methods bias in scientific publishing”, ALTEX – Alternatives to animal experimentation, 40(4), pp. 665–676. doi: 10.14573/altex.2210212.

RUMSEY, J. W. et al. Classical Complement Pathway Inhibition in a “Human-On-A-Chip” Model of Autoimmune Demyelinating Neuropathies. Advanced Therapeutics, v. 5, n. 6, p. 1–13, 2022.

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18 dez. 2023

Entre os dias 04 e 08 de dezembro, o BCRJ teve a honra de participar do 25º evento da PReMASUL, dedicado aos ‘Princípios das Boas Práticas de Laboratório aplicados às metodologias in vitro’. A Dra. Paola Cappellette esteve presente, representando o BCRJ, participando ativamente de uma mesa de debates que abordou a nossa experiência na implementação do escopo BPL (células) e a destacada atuação do BCRJ na implementação e capacitação de métodos alternativos ao uso de animais.

Parabenizamos os organizadores e a Premasul pelo evento inspirador!

Participantes do 25º Evento da PReMASUL

Destacamos que, desde 2021, o BCRJ realiza com sucesso testes in vitro alternativos ao uso de animais, com reconhecimento nas Boas Práticas de Laboratório (BPL). Após a realização da implementação das BPL com foco em Métodos in vitro com cultura de células no Banco de Células do Rio de Janeiro em 2020, obtivemos a recomendação das Inspetoras para o reconhecimento pela CGCRE sem nenhuma não conformidade. Nossa consultora, a Professora Daniela Costa, fez o relato dessa valiosa experiência em uma dissertação no programa de especialização em Métodos Alternativos ao Uso de Animais de Laboratório na Fiocruz. O trabalho foi realizado sob a orientação da Dra. Cristiane Caldeira, pesquisadora da Fiocruz e BRACVAM, e do Dr. Octávio Presgrave, Coordenador do BRACVAM. Este relato estará em breve disponível ao público, contribuindo para o avanço e disseminação de conhecimentos na área. Acreditamos na importância desse tema para avançar em direção a métodos mais éticos e inovadores na pesquisa científica.

Para aqueles interessados em aprender mais com a equipe do BCRJ, escreva um e-mail para [email protected] e conheça mais sobre nossos cursos.Para informações sobre os cursos da PReMASUL, sigam suas redes e fiquem atentos à agenda do próximo ano. Eles sempre proporcionam cursos excelentes na área dos Métodos Alternativos ao Uso de Animais!

Link para informações sobre os eventos da PReMASUL:
https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/premasul

+55 21 2145-3337

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